I
Quando ainda havia amores, mimos eram flores,
No festim de cores, ofertadas em teu aniversário.
O sorriso em teus lábios, sempre tão sedutores,
Contudo traidores, sinais de um mau presságio.
Paguei com meu salário, o preço dessas dores,
Eis que enamorou-se de um ordinário larápio.
Eu, sendo pardo, honesto em afetos e valores,
Era um dos perdedores, atores secundários.
Sem noivado, engravidou em teus afervores,
E entre infratores, foi teu amante encarcerado,
Culpado! Ladrão de motos, sem ares encantadores!
E todos seus temores, impuseram-se arbitrários,
No nascer precário de entristecedores lares,
Uma filha de pais vulgares, em pobreza e abandono!
II
Demorou dois anos, teus atos de culpa e desespero,
Fiel a um companheiro, que já não lhe queria mais.
De procedimentos boçais, desprezava seus rebentos,
Ao completar seu tempo, solto foi, sem muitos festivais.
Em tuas sinas pontuais, quis cobrar-lhe o acalento,
Para teu tormento, bandido de poucos cerimoniais,
De mentalidades anormais, de arma em punho e com intento,
Um tiro na perna, deu-lhe, e fugiu com moça que o apraz.
E só em termos desiguais, lembrou-se daquele sentimento,
De um poeta negro, enlutado com os desprezos casuais,
Que já não poderia, jamais, cultuar-lhe em avivamento!
Tal sofrimento, as fatalidades que lhe foram leais,
Carrega agora marcas reais, uma na coxa e outra no peito,
Por buscar o amor de um homem que tu mesma ensinou o desamor.
(Por Ozzie 10/02/2021) ©Copyright
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